domingo, 28 de abril de 2013

O grande encarceramento no Rio de Janeiro: a serviço de quem?


O Fórum Permanente de Saúde no Sistema Penitenciário (FPSSP-RJ) e o Comitê de Prevenção e Combate à Tortura convidam para o debate “Sistema de justiça criminal e a privatização das prisões: o grande encarceramento a serviço de quem?”

Por em questão a prática do encarceramento associada à privatização das prisões brasileiras torna-se urgente, pois, cada vez mais, vem chamando a atenção de organizações nacionais e internacionais, a banalização da privação da liberdade como recurso mais utilizado no país.

Dados do Ministério da Justiça revelam que o estado do Rio de Janeiro já conta com uma população carcerária total de 33.561 presos em 52 estabelecimentos, podendo ainda constatar que o Rio de Janeiro possui um déficit de 8.398 vagas. Neste universo encontramos os presos ainda não condenados que em junho de 2011 eram 8.202 para 5.334 vagas, e em dezembro do mesmo ano já eram 9.792 presos provisórios para 5.430 vagas. O resultado desta matemática é assustador, pois enquanto o número de vagas aumentou em 92 durante 06 meses, o número de pessoas presas cresceu em 1.500, contabilizando quase 15 vezes mais.

Nesse contexto de superpopulação encarcerada, a lógica da privatização vem ganhando fôlego a partir do discurso da incapacidade do Estado brasileiro gerir as prisões, sendo, portanto, necessário entregar essa obrigação à iniciativa privada com a justificativa que esta seria mais eficiente nesse empreendimento administrativo, já que ofereceria um serviço de melhor qualidade e menor custo, portanto, a solução do problema.

Ora, em nome dessa suposta eficácia, qual seria o real impacto da privatização sobre o sistema de justiça criminal? O que aconteceria com a vida das pessoas que estão presas, uma vez que as cadeias se tornariam fonte de lucro? O corpo funcional das prisões não estaria sujeitos a alta rotatividade, já que para manter os lucros, os administradores são levados a cortar pessoal e a pagar baixos salários? Não se trata de uma justificativa para se criar mais prisões e encarcerar mais pessoas em vez se se buscar outros meios de lidar com os conflitos presente na sociedade brasileira?

Portanto, é essa realidade da cultura do aprisionamento articulada à privatização das prisões, que o debate pretende tratar, de modo que possamos avaliar do ponto de vista legal, ético e moral as consequências para a população privada de liberdade, para os profissionais que trabalham no sistema penitenciário e, por fim, para a sociedade do Rio de Janeiro.

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